quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Links de publicações.

Para aqueles que quiserem conhecer um pouco mais o meu lado historiador, estou disponibilizando alguns links de artigos e outros escritos que já publiquei.

1- Os relatórios Médicos da Comissão Rondon. ANPUH-Rio - 2008.

http://www.encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1212965378_ARQUIVO_OsRelatoriosMedicosdaComissaoRondon.pdf

2- O Medo do Sertão. Dissertação de Mestrado - 2009.

http://www.fiocruz.br/ppghcs/media/dissertacaoarthurcaser.pdf

3- Texto no Portal Fiocruz que apresenta a Dissertação de Mestrado.

http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2832&sid=5

4- Médicos, doenças e ocupação do território na Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915). Museu Paraense Emílio Goeldi - 2010.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1981-81222010000200010&lng=en&nrm=iso&tlng=en

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

É o mesmo Tiradentes???



Acórdão judicial que condenou Tiradentes e outros inconfidentes mineiros

Mostra-se que na Capitania de Minas alguns vassalos da dita Senhora, animados do espírito de pérfida ambição, formaram um infame plano para se subtraírem da sujeição e obediência devida à mesma Senhora, pretendendo desmembrar e separar do Estado aquela Capitania, para formarem uma república independente, por meio de uma formal rebelião, da qual se erigiram em chefes e cabeças, seduzindo a uns para ajudarem e concorrerem para aquela pérfida ação, e comunicando a outros os seus atrozes e abomináveis intentos, em que todos guardavam maliciosamente o mais inviolável silêncio, para que a conjuração pudesse produzir o efeito que todos mostravam desejar, pelo segredo e cautela com que se reservavam de que chegasse à notícia do governador e ministros; porque este era o meio de levarem avante aquele horrendo atentado, urdido pela infidelidade e perfídia; pelo que não só os chefes cabeças da conjuração e os ajudadores da rebelião se constituíram réus do crime de lesa-majestade da primeira cabeça, mas também os sabedores e consentidores dela pelo seu silêncio; sendo tal a maldade e prevaricação destes réus, que sem remorsos faltaram à mais recomendável obrigação de vassalos e de católicos, e sem horror contraíram a infâmia de traidores, sempre inerente e anexa a tão enorme e detestável delito.
Mostra-se que entre os chefes e cabeças da conjuração o primeiro que suscitou as idéias de república foi o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da Cavalaria paga da Capitania de Minas, o qual há muito tempo que tinha concebido o abominável intento de conduzir os povos daquela Capitania a uma rebelião pela qual se subtraíssem da justa obediência devida à dita Senhora formando para este fim publicamente discursos sediciosos (...).
(...)
Mostra-se que tendo o dito réu Tiradentes publicado aquelas horríveis e notórias falsidades, como alicerce da infame máquina que pretendia estabelecer, comunicou em setembro de mil setecentos e oitenta e oito as suas perversas idéias ao réu José Alvares Maciel, visitando-o nesta cidade a tempo que o dito Maciel chegava de viajar por alguns reinos estrangeiros, para se recolher a Vila Rica donde era natural, (...) ; e tendo o dito réu Tiradentes encontrado no mesmo Maciel não só aprovação, mas também novos argumentos, que o confirmaram nos seus execrandos projetos, (...) saíram os referidos dois réus desta cidade para Vila Rica, Capital da Capitania de Minas, ajustados em formarem o partido para a rebelião, e com efeito o dito Tiradentes foi logo de caminho examinando os ânimos das pessoas a quem falava, como foi com os réus José Aires Gomes e o Padre Manuel Rodrigues da Costa; e chegando a Vila Rica a primeira pessoa a quem os sobreditos dois, Tiradentes e Maciel falaram foi ao réu Francisco de Paula Freire de Andrada, que então era Tenente-Coronel comandante da tropa paga da Capitania de Minas, cunhado do dito Maciel; e suposto que o dito réu Francisco de Paula hesitasse no principio em conformar-se com as idéias daqueles dois pérfidos réus, (...) [foi] contudo persuadido pelo mesmo Tiradentes com a falsa asserção de que nesta cidade do Rio de Janeiro havia um grande partido de homens de negócio prontos para ajudarem a sublevação, tanto que ela se efetuasse na Capitania de Minas, e pelo réu Maciel, seu cunhado, com a fantástica promessa de que logo que se executasse a sua infame resolução teriam socorro de potências estrangeiras.
(...)
Mostra-se que sendo pelo princípio do ano de mil setecentos e oitenta e nove, se ajuntaram os réus chefes da conjuração em casa do réu Francisco de Paula, lugar destinado para os torpes e execrandos conventículos, e aí, depois de assentarem uniformemente em que se fizesse a sublevação e motim na ocasião em que se lançasse a derrama, pela qual supunham que estaria o povo desgostoso, o que se prova por todas as confissões dos réus nas perguntas constantes dos apensos, passou cada um a proferir o seu voto sobre o modo de estabelecerem a sua ideada república, e resolveram que, lançada a derrama, se gritaria uma noite pelas ruas da dita Vila Rica – Viva a Liberdade – a cujas vozes sem dúvida acudiria o povo, que se achava consternado, e o réu Francisco de Paula formaria a tropa, fingindo querer rebater o motim, manejando-a com arte de dissimulação enquanto da Cachoeira, onde assistia o governador geral, não chegava a sua cabeça, que devia ser-lhe cortada, ou segundo o voto de outros, bastaria que o mesmo general fosse preso e conduzido fora dos limites da Capitania, dizendo-se-lhe que se fosse embora, e que dissesse em Portugal que já nas Minas se não necessitava de Governadores (...).
(...)
Mostra-se que com o mesmo pérfido ânimo e escandalosa ousadia partiu o réu de Vila Rica para esta cidade, em março de mil setecentos e oitenta e nove, com intento de pública e particularmente, com as sua costumadas práticas, convidar gente para o seu partido, dizendo a Joaquim Silvério dos Reis, que reputava ser do número dos conjurados, encontrando-o no caminho, perante várias pessoas - cá vou trabalhar para todos - o que juram as testemunhas (...).
(...)
(...) declarando o dito réu Tiradentes que na dita conversação dissera o modo com que a América se podia fazer república (...) junto tudo com o conceito que formava de que todos os nacionais deste Estado desejavam a liberdade, como a América Inglesa, e que tendo ocasião fariam o mesmo (...).
(...)
Mostra-se que os infames réus cabeças da conjuração teriam suscitado o levante na ocasião da derrama, ao menos quanto estava de sua parte, se Joaquim Silvério dos Reis se esquecesse das obrigações de católico e de vassalo, e de desempenhar a fidelidade e honra dos portugueses, deixando de delatar a prática e convite que lhe fizeram Luís Vaz de Toledo e seu irmão Carlos Correia de Toledo, vigário que foi na Vila de São José, para entrar na conjuração declarando-lhe tudo quanto estava ajustado entre os conjurados, persuadidos de que o dito Joaquim Silvério quereria ajudar a rebelião, para se ver livre da grande dívida que tinha com a Fazenda Real, sendo este um dos artigos da negra conjuração, perdoarem-se às dividas a todos os devedores da Real Fazenda; mas prevalecendo no dito Joaquim Silvério a fidelidade e lealdade que devia ter como vassalo da dita Senhora, delatou tudo ao governador da Capitania de Minas em quinze de março de mil setecentos e oitenta e nove (...).
(...)
Estando plenamente provado o crime de lesa-majestade da primeira cabeça, pelas uniformes confissões dos réus, no qual os chefes da conjuração incorreram, ajustando entre si nos conventículos a que premeditadamente concorriam, de se subtraírem da sujeição em que nasceram, e que como vassalos deviam ter a dita Senhora, para constituírem em república independente, por meio de uma formal rebelião, pela qual assentaram de assassinar ou depor o general e ministros, a quem a mesma Senhora tinha dado a jurisdição e poder de reger e governar os povos da Capitania; não pode um delito tão horrendo, revestido de circunstâncias tão atrozes, e tão concludentemente provado, admitir defesa que mereça a menor atenção (...).
(...)
Portanto condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregado em postes, pelo caminho de Minas, no sitio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu (...).

Rio de Janeiro, 18 de abril de 1792.

Tiradentes Esquartejado – Pedro Américo (1893).

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ideiascom



Nascida do desejo de 2 professores (este que vos fala e o professor Raul Motta, de artes) e 10 alunos (Kevin, Bruno, Lara, Rosina, Nicolly, Gabriel, Jonathan, Victoria, Marcele e Pedro Lucas) da Escola Municipal Affonso Penna, ávidos pela realização de atividades as mais diversas fora do espaço da sala de aula, a oficina "ideiascom" fez seu primeiro encontro no dia 03/09/2010, e voltou a se reunir hoje, 10/09/2010.

A oficina é livre. Participa quem quer. E ela se torna interessante por causa disso. A nós, professores, ela permite um contato mais próximo com os alunos, dos quais passamos a conhecer os interesses e produção cultural e artística. Aos alunos, ela oferece um movimento oposto ao que se vê geralmente nas escolas. Ao invés de "servirem" à escola realizando trabalhos que não são do seu interesse, sendo massacrados por provas e por vezes recebendo tratamento pouco digno por parte dos professores, os alunos passam a se servir da instituição escolar, da qual utilizam o espaço físico, os professores (sim, sou e desejo seu usado pelos alunos), os aparelhos tecnológicos (computadores, tvs, copiadoras, etc) e o nome da instituição.

À recém-nascida oficina "ideiascom", meus votos de vida longa! Espero que este espaço - onde alunos e professores têm funções diferentes, mas não hierarquizadas - seja de grande proveito para que os alunos exerçam toda a sua criatividade, descubram muitas coisas novas, aprofundem-se em outras, e, sobretudo, divirtam-se com todas.

A mim, enquanto professor, espero me divertir, ensinar e aprender com os colegas da oficina. Se nossos encontros forem tão proveitosos como estes dois primeiros, minha satisfação estará garantida.

OBS: Bem vindo, Yuri!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quem escreve a história?

"(...)
Antes que os nativos pudessem se juntar, queimei seis povoados e prendi e levei para o acampamento quatrocentas pessoas, entre homens e mulheres, sem que me fizessem qualquer dano.
(...)
Antes do amanhecer do dia seguinte tornei a sair com cavalos, peões e índios e queimei dez povoados, onde havia mais de três mil casas. Como trazíamos a bandeira da cruz e lutávamos por nossa fé e por serviços de vossa sacra majestade, em sua real ventura nos deu Deus tanta vitória, posto que matamos muita gente sem que nenhum dos nossos sofresse dano." (Pag. 33)

CORTEZ, Hernan. A conquista do México. Porto Alegre, LP&M Editores, 1986.

Neste trecho de uma de suas cartas ao Rei de Espanha Carlos I, o conquistador Hernán Cortez fala das crueldades cometidas pelos espanhóis nas guerras travadas contra os astecas pela conquista do México. O saldo deste choque de civilizações foi, como sabemos, a morte de milhares de astecas, a escravização de outros e a colonização espanhola.

Ainda que saibamos que o México moderno tem sua gênese em uma série de complexas interações culturais entre espanhóis, astecas e membros de outros grupos ameríndios, é inegável que aqueles que impuseram seus costumes, crenças e leis foram os espanhóis, e que os ameríndios foram subjugados ao seu domínio e ao de seus descendentes.

A conquista do México foi um episódio no qual os vencedores foram os espanhóis e os vencidos foram os astecas. Na hora de contarmos esta história, muitas vezes reproduzimos esta situação, narrando e interpretando os fatos do ponto de vista dos conquistadores e esquecendo os vencidos.

Pensem nisso e me ajudem a responder a seguinte questão: como formular uma aula sobre a conquista do México sem esquecer dos vencidos (astecas)? Como conciliar, numa aula, o ponto de vista dos vencedores e dos vencidos?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Por quê eu aprendo história?

Por quê? Qual é o sentido de aprendermos história nas escolas? Por que eu, aluno, saio da minha casa e me dirijo à escola para estudar história? Afinal de contas, por que eu vou à escola?

Estas são perguntas recorrentes toda vez que se começa um novo ano eltivo. São questões fundamentais e que colocam em xeque tanto a aprendizagem de história quanto a própria instituição "escola".

Caros alunos e demais companheiros, alguém tem alguma idéia a respeito das questões levantadas acima? Gostaria muito de conhecer vossas opiniões!

Sugestão musical: Volume especial da coleção "Ethiopiques" dedicado ao jazz etíope com destaque para o grande músico e compositor Mulatu Astatke.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Aguardo as contribuições de todos.

Caros alunos, amigos, conhecidos e desconhecidos, Arthur Aprende História acabou de nascer. Espero que tenha uma existência produtiva e que contribua para a reflexão (séria, irônica ou inteiramente debochada) sobre a História, seus problemas, seus temas consagrados e não consagrados, seus aspectos intrigantes e, às vezes, paradoxais.
Trata-se de um espaço onde eu e vocês trocaremos idéias e experiências em torno desta disciplina que desperta amor e ódio (poucas vezes indiferença) naqueles que com ela se deparam ao longo de sua trajetória escolar, acadêmica e pessoal.
Felizmente, sou daqueles que gosto do que faço, e espero, como deixei escraxado no título do blog, aprender história (e muitas outras coisas) convosco!